A cervejaria marisqueira Majara mora há muitos anos na Rua Roberto Ivens n.º 603, em Matosinhos. De porta aberta aos comensais diariamente entre a hora de almoço e a “fora de horas” uma da manhã, excepto à quarta-feira, ou ao balcão ou à mesa, estão sempre de boa cara para nos receberem.
O Majara é uma das mais antigas marisqueiras de Matosinhos, um clássico com mais de 40 anos, que para além da grande qualidade da matéria-prima, faz também escola na arte de bem servir da sua equipa.
Para além da sua afamada qualidade de marisco, o bom peixe que chega à lota de Matosinhos é "pescado" até à cozinha desta casa. Os bifes também têm muitos seguidores, assim como a Francesinha, que foi trazida até cá por um antigo “artesão” da Regaleira.
CONFESSIONÁRIO*****
Esta é na minha opinião uma das melhores cervejarias-mariqueiras do nosso burgo. Com um atendimento muito bom, sempre atento, daqueles que não é quase necessário pedir que a equipa já trouxe o que precisamos.
Habito com alguma frequência esta casa de comida, sempre que a gula se lembra de ter vontade de comer uns “bichinhos vermelhos de mar com bigodes”. Não tenho grande experiencia noutras versões comensais por aqui, mas sobre o que me faz vir ao Majara posso classificar de excelente.
Quando vou sozinho convivo com o balcão, ou com companhia à mesa, começo com umas miritas (pão torrado em finas fatias), um pratinho de verdadeiras batatas fritas e uma fantastica cerveja servida em copo baixo (é preciso pedir senão vem num vulgar copo de “fino”), a acompanhar umas gambas ou camarão da costa. A maionese caseira é de grande qualidade, pelo que "vastas" vezes a boa “asneira” de barrar na mirita ou na batata frita. Para fechar, vêm os fabulosos pregos em pão da casa, que se comem até com os lábios.
Para quem ainda quiser entrar pelos “postres”, os crepes são um bom pedido.
A conta do meu repasto de ontem – miritas, batatas fritas (€2,50), prego no pão (€7), 2 copos de cerveja e umas gambas – ficou um pouco acima dos €20, o que foi um bom investimento e me trouxe momentos de grande satisfação à mesa.
Enfim, para esta “faena” cá na invicta, esta é a minha escolha. Bem hajam!
A casa dos pregos Venham Mais 5 mora na Rua de Santo Ildefonso - 219, mesmo a chegar à Praça dos Poveiros. A porta está aberta todos os dias, desde o almoço até às 23h.
Este espaço está muito bem conseguido, sendo dividido por três áreas diferentes: a da entrada com um balcão, a que se junta uma sala ao fundo e uma esplanada no exterior.
Quanto à oferta gastronómica, acredito que tenha várias alternativas, mas confesso que só fiquei a conhecer os pregos e a sobremesa da casa, e também não vi mais nada a sair enquanto estive por lá.
EPICURISTA ME CONFESSO****
Apesar de ter uma história curta, não mais que meio ano, já tinha ouvido falar por diversas vezes dos pregos “perto do Guedes”. Este sábado à tarde, estava a caminho do Majára para comer um preguinho, mas acabei por dar meia volta e lá fui eu até à baixa.
Descobri com facilidade este “moderno tasquinho”, e fiquei logo bem disposto - sou um admirador de “barras” - porque mal entrei apareceu-me um balcão a dar as boas vindas. Mal atraquei, um simpático e atencioso senhor, que depois vim a saber ser o “patrão”, Luís Rodrigues, fez as honras da casa.
Pedi o já muito falado prego de lombo com queijo da serra (3,50€). O queijo não é serra, mas um amanteigado tipo serra, o que para ser comido com esta carninha do boi até casa melhor, porque é menos encorpado que o original. A matéria-prima foi trabalhada como gosto, sendo atirada para uma chapa bem quente e, depois, como se diz na nossa invicta, “bota e vira”, dando ao comensal o “bicho” grelhado por fora e em sangue por dentro. O produto final é realmente muito bom, quer ao palato como a vista, que também come...
A acompanhar bebi um magnifico fino da catalã Estrella Damm, muito fresca e viva, que deu num casamento muito feliz.
Para terminar comi o bolo da casa de chocolate (2,10€), muito “molhadinho” e lambareiro
A conta é muito honesta, valendo o prego (3,5€) e o bolo de chocolate (2,10€).
Enfim, partindo de uma fórmula aparentemente fácil, um bom prego acompanhado por uma boa cerveja, este é já um caso de sucesso que vale a pena “usar e abusar”, nem que seja entre faustosos repastos... Bem hajam!
A La Ardosa mora uns quarteirões acima da cosmopolita e central Gran Via, na Calle de Colón – 13. Não tem dia para fecho, mantendo a porta aberta diariamente das 8h30 as 2h.
Inaugurada em 1892 por um visionário proprietário vinícola da Toledo, que montou uma série de tabernas em Madrid para vender o seu vinho a granel. Esta foi a mais antiga e remanescente dessa época, que tem sabido ao longo de mais de um século escrever a sua história. Na década de 70 fez uma incursão pelas cervejas, sendo inclusivamente pioneira na importação em Espanha de cervejas como a Guiness e a Pilsner Urquell, que foi a primeira cerveja rubia do mundo, que continuam a correr pelas “bocas” desta casa.
Esta bodega legendária, a sétima mais antiga de Madrid, é um símbolo de reconhecimento das suas gentes, continuando diariamente a transbordar de gente, que não arreda pé até chegar a sua vez, seja ao balcão, de pé, ou na meia dúzia de mesas deste espaço. O serviço é jovem e simpático.
EPICURISTA ME CONFESSO****
Chegados a esta bodega, a movimentação ao rubro, com muito ambiente e boa disposição, e um sentimento qb de estarmos mais uma vez a fazer parte da história, e daquelas que não são efémeras mas que atravessam gerações.
E enquanto esperávamos para assentar arrais, começamos por um afamado vermute de grifo, considerado um dos melhores de Madrid. E não sendo um apreciador nem conhecedor deste modo, sem dúvida que se destaca positivamente dos demais que já experimentei. Aliás, nesta jornada só troquei este lote na abaladiça, em que fechamos em beleza com a por esta banda famosa rubia Pilsner Urquell...
Já à volta da mesa alta, e entre a vasta e diversificada oferta existente, seguimos o caminhos das tapas. Assim sendo, chegou uma fantástica tortilha de batata, reconhecida e premiada em concursos locais como a melhor. Sem dúvida muito bem feita. Veio também um misto de croquetes – rabo touro, bacalhau, queijo cabrales e presunto – muito bons. Picamos uma fresca salada russa. fresca e Como os vermutes estavam a cair muito bem e para não ficarem órfãos, ainda pedimos umas tapas de mojama (atum seco), bem bebedoras.
Não sendo no final uma casa de tapas barata, para Madrid e tendo em conta o bom momento por aqui passado, a relação é em conta: 6 croquetas – 9,95€, tortilla – 2,65€, salada russa – 6,95€, mojama – 2,35€, vermute – 2€. Os platos caseros andam por volta dos 12-13€.
Enfim, grande noite à volta da mesa, em mais uma histórica bodega, com volta certamente marcada em futura jornada madrilena. Como dizem nuestros hermanos: Precioso!
SITE: www.laardosa.com
A La Venecia mora perto da turística Puerta del Sol, na Calla Echegaray - 7. De porta aberta diariamente excepto ao domingo, recebe os seus anciãos entre as 13h-15h3o e das 19h-1h30.
Esta vinateria histórica de Madrid, quase centenária (1922!), mantém saudosamente a sua traça de outra época, com a luz fusca sobre a mesma pintura de sempre, envolvidas por velhíssimas cubas e cartazes intemporais das célebres Ferias de Jerez, que transmitem uma verdadeira autenticidade na cultura do Jerez.
O mestre desta casa, sempre concentrado no seu ofício, e nos seus clientes de sempre, teima em manter bem viva a tradição, pelo que aceita bem “forasteiros” que venham para apreciar a sua vivencia e os seus vinhos, mas faz má cara quando entram “estrangeiros” que vão por turismo. E neste sentido, fotografias não são bem vindas, porque isso é maneio comum a quem quer mais mostrar do que apreciar.
EPICURISTA ME CONFESSO*****
Esta é uma bodega no sentido completo da palavra. Maior originalidade não existe, e como gosto muito deste viño fino de jerez, também conhecido por sherry, em qualquer passagem por Madrid é obrigatório assentar arrais nesta mítica casa.
Aqui bebe-se, com intensidade e sacralidade, todo o tipo de vino de Jerez, finos e manzanillas, olorosos e amontillados, pelo que o melhor é ir pedindo copo seguido de copo, e descobrir a que lote se alinha mais o nosso palato.
Ideal para um fim de tarde ou de entrada antes de ir jantar, a acompanhar esta jornada vínica andaluza, juntou-se umas azeitonas e mojama, que é um atum seco envolvido por um fio de azeite, que é para mim uma das grandes tapas de acompanhamento de vinho.
A conta, que vai sendo apontada a giz no velho balcão de madeira, é em conta, valendo cada copo de Jerez – 1,70€ e a garrafa – 11€, o tapa de mojama – 2,30€, de queijo manchego – 2,30€, e as azeitonas oferecidas aos bebedores.
Enfim, singular e profundamente genuíno, pelo que encostar a esta barra ou sentar naquelas madeiras antigas é “missa” obrigatória por terras de Madrid, sentida sempre como um magnifico investimento neste tipo de cultura. Memorável e Imperdível!
A Adega Regional da Areosa mora no Largo Heróis da Pátria - 31, mesmo atrás da rotunda da que lhe dá o nome. Para dar com ela, é só virar na primeira à direita depois da rotunda e depois voltar de novo na seguinte à direita e estamos em frente aos bombeiros. Aqui é só olhar duas ou três portas abaixo e cá estamos.
Feita de gente de trabalho, mantém a porta aberta todos os dias, desde as 7 da matina até bater as 8 da noite.
Esta adega está repartida por duas salas, onde a da entrada é percorrida por um longo balcão com duas cubas em inox em forma de sentinelas em cada lado e, por trás, uma comum sala de repasto.
A oferta é alargada e eclética nos petiscos, só variando das comuns “adversárias” a qualidade da matéria trazida até ao comensal e no homem que a patroneia.
EPICURISTA ME CONFESSO****
Tal como na maior parte das boas casas de comida do género, o balcão bate aos pontos a sala, quer nos interlocutores como também na arte de “falar” com a matéria-prima. Por isso, é mesmo ficar logo pelo “balneário” e esquecer a tentação de sentar as pernas debaixo da mesa.
E neste caso sério de comida petisqueira, abrimos as hostilidades com uma caneca de um grande verde tinto da pipa. Para não o deixar poisar sozinho, veio para o balcão um prato de presunto com dois ovos estrelados para cada comensal, com um pão de daqueles que até sozinho faz a alegria do palato.
A esta primeirinha, juntamos umas febras de porco preto cozinhadas no ponto, que não deixou de voltar a pedir aquele pão a acompanhar.
Para que não ficássemos pelos “pratos” de carne, jogamos também nuns bolinhos de bacalhau que estavam como se diz “de trás da orelha”.
Para fechar em beleza, um queijo da serra, daqueles que escorre mesmo quando está quieto, com uma marmelada bem gulosa a fazer o contraponto.
A conta dignifica o fastio, não ficando fora de mão: caneca de verde tinto (2,4€), prato de presunto com ovos estrelados (5€), sande de presunto (2,10€), febras de porco preto (3,90€), queijo da serra com marmelada (4 e tal€),...
Enfim, surpresa soberba e digníssima de visita por bons comensais, com um simpático apontamento extra: está completamente fora dos roteiros dos comuns mortais, só frequentada pelo Porto profundo... Um grande bem haja!
A Confeitaria/Restaurante/Snack-Bar Cunha mora próxima do coração da baixa portuense, na Rua Sá da Bandeira – 676. De porta aberta todos os dias, serve os seus comensais ininterruptamente das 8 da matina às 2h da madrugada.
Fundada por Teixeira Bonito, esta casa faz história na cidade há mais de 50 anos, mantendo ainda uma decoração que marcou uma época, constituída por um enorme balcão em zig-zag e por mesas em forma de recantos privativos e rodeados por sofás à sua volta.
Com uma carta diversificada e eclética, satisfaz todos os gostos e preferências, desde um buffet diário às escolhas à “la carte”. Na oferta aos comensais podemos encontrar filetes de pescada ou de polvo, maioneses de pescada ou gambas, arroz de tamboril, carapaus grelhado com molho verde, tripas, cabrito assado, cozido à portuguesa, feijoada à brasileira, à tradicional francesinha.
No lado da confeitaria, a arte de bem trabalhar a pastelaria está lá, sendo muito concorrido o pão-de-ló e o bolo rei.
Se não encontrar lugar à porta, o estacionamento é gratuito no Parque Silo Auto ou na vizinha Garagem Sá da Bandeira.
EPICURISTA ME CONFESSO****
Aprecie-se mais ou menos o género, este é um local incontornável da cidade do Porto e de, pelo menos, conhecimento obrigatório para um bom “tripeiro”.
Sentado à mesa, parece que andamos uns bons anos para trás, e vamos buscar, com saudosismo, imagens na nossa memória de convívios naquela mesma sala com avós e bisavós.
Durante muitos anos foram raras as vezes que fui à Cunha, mas confesso que nas últimas semanas voltei a frequentar, com regularidade, aquele nobre balcão e singulares mesas. A razão é simples, acontece muitas vezes ter de satisfazer o meu bom fastio fora das costumeiras horas e esta casa de comida é uma óptima opção, mesmo das melhores da cidade, com um preço/qualidade justíssimo.
Não sou muito fã de buffets, mas dentro do género, e para quem se gosta de bater como um leão, este é de oferta alargada e muito honesto, até no preço (13,50€). A maionese de pescada com gambas muito bem confecionada e até um fresco robalinho grelhado bem mareado. A francesinha (9€) não é memorável, mas cumpre o seu papel na invicta. Os gelados muito bons e um regalo também à vista. A sangria não é de “estalo” mas bebe-se bem (2,7€).Os pratos do dia são muito em conta, tendo como valor de referência uns simpáticos 5€. Para além deste modo, a factura também não assusta, ficando em média por 15€, como comprova o meu último repasto - para duas pessoas – que somou uns bem dados 32€: entradas (rissóis) – 2,95€, maioneses de pescada – 9,90€, robalinho grelhado – 9€, gelado surf – 5,20€, café e água.
Enfim, redescobri com satisfação esta incontornável casa de comida portuense. Gosto do ambiente informal mas com uma envolvência de outros tempos, porque me faz navegar em boas memórias. Aprecio sentar-me à mesa à hora que me apetece e não ter de olhar para o relógio. Agrada-me espaços com barras à antiga, com servidores experientes e sempre atentos aos comensais atrás do balcão. Sinto-me bem quando o que pago é justo para o prazer que proporciono à minha gula. Por tudo isto, vou ao Snack-Bar da Cunha. Bem hajam!
Este Buraquinho mora junto ao coração da baixa portuense, entre as afamadas Casa Guedes e a Queijaria Amaral, na Praça dos Poveiros – 33. Aberto de 2ª a Sábado, entre as 10h30 e as 20h, fecha ao domingo para descanso da família Sousa.
De porta aberta desde 1927, e com um nome que muito bem apadrinha a geografia desta cave em forma de buraco, esta casa familiar de gentes de Amarante vai na segunda geração e a caminho da terceira. Timoneada pelo Sr. Artur Sousa, tem como ajudante de campo atrás do balcão o filho e na cozinha a mulher D. Ana Augusta.
A oferta é variada, quase toda pronta a ser servida. Das papas de sarrabulho ao caldo verde, passando pelos pratinhos de bucho, chispe, língua estufada, orelheira, morcelas, tripas fritas, rojões, pernil, às sandes dos mesmos, ao lado está obrigatoriamente o vinho da pipa a acompanhar.
A sala é de uma típica tasquinha, com 2 mesas, 1 barra com 5 lugares sentados e um balcão corrido para gastrónomos pedestres.
EPICURISTA ME CONFESSO***
Esta é realmente uma típica tasca do antigamente, um Porto profundo, com ares de outras épocas apesar de refrescada. Os seus 85 anos estão lá, assim como a paixão por esta arte do Sr. Artur, que praticamente nasceu atrás daquele balcão.
Com um ambiente muito popular, onde o convívio de muitos à volta de um petisco regado com um palhete predomina, sente-se aqui o peso de um estrato de sociedade envelhecido e abandonado, que mata as mágoas nesta cave. Na meia hora que lá passei hoje, vi desde uma velhota a pedir para lhe pagarem uma sopa a um desfavorecido que comeu por conta do que vai receber no final do mês. Por isso, passar por aqui, é também uma lição de vida e de contacto com diferentes vivências.
Quanto à matéria-prima, comecei com umas papas de sarrabulho, seguidas de uma sandocha de lombo de porco, tudo isto acompanhado por um verde branco, que me avisaram de imediato que por ser directo da pipa não tinha gás. Se as papas estavam fantásticas, talvez das melhores que já comi, o lombo era honesto, ou então, a proximidade da Casa Guedes fez alguma mossa no meu palato. O verde proveniente de Meda, bem turvo e sem vida, era muito fraco, pelo que da próxima vez irei pelo afamado palhete da casa.
O investimento foi barato e ficou pelo 4€: papas de sarrabulho (1,30€), Sande de Lombo (1,90), jarrinha de verde (0,80€). No geral, as sopas rodam 1,30€, os pratinhos e as sandes entre 1,40€ e 1,90€.
Apesar de castiço, fica longe da qualidade de uma Casa Guedes ou da Gazela, que são verdadeiros templos à sua volta, pelo que a decisão por descer as escadas até este Buraquinho é mais difícil. Mesmo assim vale a visita “de quando em vez”, e para quem gosta de papas de sarrabulho aconselho experimentar.