Vindimado por sabias mãos há 70 anos e a descansar na garrafa há quase tantos, ontem demonstrou toda a força da sua natureza e da intemporalidade de um grande vinho do Porto.
Magnifico momento este à sobremesa, quase de deuses, onde o Porto mostra o seu carácter e vigor!
A minha escolha para jantar recaiu num vinho tinto da Quinta
do Cotto – 2008. Qual foi o meu espanto quando esperava eu pelo soar da rolha a
sair do gargalo e, ao invés, saiu um inaudível click… Enfim, sou português,
defendo e bebo sobretudo os vinhos portugueses, e gosto muito da tão lusitana
cortiça.
Não compreendo como um vinho português, do nosso Douro, que
vive numa carta a €22, pode querer poupar uns cêntimos numa rolha e saudar uma
rosca.
Quando cheguei a casa, ainda me dei ao trabalho de aceder ao
site da Quinta para deixar uma nota do meu desagrado. Mas o meu espanto ainda
foi maior, que em vez de esta gente meter a cabeça debaixo da terra de
vergonha, saltam uns banners para o ecrã do meu computador a querer convencer-me
das vantagens da rosca e de ser mais fácil a abertura. Como para mim beber um
vinho é um acto de cultura e de saudação ao palato, abrir uma garrafa é um acto
de celebração e não de despacho. Acresce a isto tudo, estamos a falar de uma
matéria-prima de preço médio e não de um vinho corrente.
É de muito mau gosto, não merece ser aberto e, portanto, só
me lembra dizer: Não Hajam!